segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Com elas ou sem elas...

Problema para alguns, solução para outros, a questão das fundas está longe de ser consensual no meio ganadeiro internacional.
Em Portugal não é propriamente motivo de concórdia ou discórdia uma vez que maioritariamente os touros lidados são para corridas à Portuguesa, onde obrigatoriamente se embolam, não se colocando assim problemas de reconhecimentos e de recusas de corridas inteiras ou touros de determinado encierro por problemas de pitons.
O mesmo não se passa em Espanha, França e América Taurina, onde a integridade dos pitons é condição sine qua non para aprovação das corridas.

Enfundar um touro implica manuseá-lo, levá-lo à manga, manipulá-lo, facto que quer para defensores como para opositores é consensualmente negativo.

De entre os vários argumentos, a favor e contra, há-os mais ou menos sólidos e refutáveis.
Comecemos pelos argumentos favoráveis, enfundar um touro evita infecções próprias das córneas, fungos e erosão natural do piton, reduz a probabilidade de quebra da parte final do corno, o diamante, por se utilizar uma superfície cónica resistente que envolve a ponta do corno, anula a possibilidade de cornadas externas, ou seja, com perfuração.
Em contra desta operação está o facto de, como já vimos, se manusear demasiado os touros, deixando-os "avisados", aumentando o stress, que poderá ter efeitos no decurso da lide. Enfundar, quando mal feito, pode também afectar o normal crescimento do piton, deixando-o privado de oxigénio, podendo inclusivamente atrofiar ou afectar a resistência do mesmo na lide, por exemplo aquando do remate nos burladeros. Há ainda a questão da nobreza e da imagem do touro, a sua dignidade, um animal bravo imponente, com fita adesiva em volta do seu símbolo de força...tirando-lhe assim poder e até humilhando, como defende D. Fernando Cuadri.
No entanto o argumento mais forte e menos refutável contra os cornos enfundados prende-se com o facto de esta operação não evitar baixas, ou mesmo reduzi-las, como já vimos anula o número de cornadas com perfuração, fatais, mas não evita as cornadas internas, sem perfuração e igualmente fatais, embora de forma "invisível" ou imperceptível, provocando graves lesões internas, com derrames e afectando órgãos vitais.

Por aqui se pode ver a tinta que já correu e que ainda irá correr  sobre este tema, eu pessoalmente, se se me colocasse o problema , se fosse ganadeiro, se pudesse e conseguisse lidar em corridas de morte, enfundaria, com todos os prós e contras pesados, retiro mais benefícios que prejuizos, embora reconheça sempre que a dignidade do touro é beliscada com a operação de enfundar.

Longe de estar resolvido, haverá ambas facções e a Festa precisa delas, para que através da experimentação reiterada se consiga obter uma conclusão final, se os touros devem afinal andar com elas ou sem elas.