segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ir aos touros: prazer solitário ou alegria compartilhada

O ato de ir aos touros perde-se nos volumes da nossa História e das nossas histórias.
Manifestação social típica de um Povo, seja este Português, Espanhol, Francês, Americano, não importa, o que de facto importa é o que põe de acordo todos esses cidadãos: a corrida de touros.
Festa do povo para o povo, local de convívio, na corrida  "misturam-se" nobres com plebeus, pródigos com marginais, ínclitos com anónimos. Lugar de culto, não é por acaso que as primeiras touradas se realizaram nas imediações de Catedrais, Igrejas, Capelas e Santuários, para se jogar com a morte, que se jogue com protecção Divina! Até podemos pensar mais: só dois extractos profissionais vestem ouro, Sacerdotes e Toureiros, tal a importância de ambos ofícios.
Em quantas localidades do nosso Pais e da própria Ibéria o dia da procissão coincide com o dia da tourada? será acaso, para mim não, nada é ao acaso.
Mas será que devemos ir aos touros sozinhos, ou acompanhados? na realidade é indiferente, importante mesmo é ir e estar com respeito.
Quem vai aos touros acompanhado gosta de partilhar conversas, pipas, cervejas e por vezes até porrada. Por sua vez, ir aos touros sozinho pode ser um exercício aborrecido, pois não se participa em nenhuma das actividades em cima indicadas e se a corrida calha a ser aborrecida, transforma-se a tarde num verdadeiro suplicio, ou numa boa sesta, se estivermos confortavelmente (coisa quase impossível) sentados à sombra.
Mas se a corrida é, a contrario entretida, o egoísmo de assistir sozinho permite-nos absorver todos os pormenores, detalhes, cores, sons, cheiros, um conjunto de emoções e sensações que nos acompanharão até aos derradeiros dias da nossa afición.
Aspectos que facilmente se nos escapam estando em cavaqueira. 
Atenção! não criticamos esse modo de estar, reconhecemos até utilidade e motor de afición, discutir um ferro, um lance, uma pega, são fazedores de aficionados, quando ainda não se é e consolidam os que já são.
Também é verdade que é fácil travar conhecimentos numa praça de touros, portanto indo sozinho acabamos por trazer conhecidos. Há vários tipos de vizinhança de tendidos, os que dizem mal de tudo, os que dizem bem de tudo, os que não dizem nada por já não poderem, pois esgotaram a voz e o dinheiro com o vendedor de cerveja, os valentes, os medrosos...é sem dúvida um lugar idiossincrático.
Culturalmente vamos aos touros acompanhados, quer seja de amigos, de família, de companheiros de trabalho, mas sugiro que pelo menos uma vez na vida se vá a uma corrida de touros sozinho, escolhendo caso seja possível um sítio isolado, onde haja o menor número de distracções possíveis para que os nossos sentidos estejam exclusivamente focados na arena e tudo o que aí se passa, prometo que não vai haver arrependimentos, nem vai ser uma tarde mal passada e depois, façam favor de partilhar! 

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